Saúde do solo indiano e a próxima grande oportunidade para nutrição biológica de culturas

Por Vikram Narayan

A Índia, a nação mais populosa do mundo, fez progressos notáveis desde que a Revolução Verde da década de 1970 trouxe segurança alimentar para milhões de pessoas. A desnutrição e a fome, antes uma realidade sombria, diminuíram em grande parte. No entanto, com a melhora da expectativa de vida e da saúde, uma questão crucial permanece: e a saúde do solo indiano?

A Crise Oculta Sob Nossos Pés

Embora a produção agrícola da Índia tenha aumentado, isso teve um custo significativo para a saúde do solo. Nas últimas quatro décadas, o uso intensivo de agroquímicos reduziu drasticamente o Carbono Orgânico do Solo (COS) — de cerca de 3% na década de 1980 para apenas 0,3% atualmente. Esse declínio acentuado causou um quase colapso da vida microbiana do solo, um componente vital para a manutenção da fertilidade do solo e da produtividade das culturas.

Para agravar ainda mais a situação, a política governamental de subsídios à ureia é de aproximadamente US$ 0,10 por quilo. Isso torna os fertilizantes nitrogenados excessivamente baratos, levando os agricultores a usar ureia em excesso, prejudicando ainda mais a nutrição das culturas e acelerando a degradação do solo. Embora muitos agricultores reconheçam os danos a longo prazo da dependência química, a ausência de alternativas biológicas acessíveis e eficazes os mantém presos aos fertilizantes convencionais para atingir as metas de produção de curto prazo.

A escala desse problema é monumental: os 140 milhões de agricultores da Índia cultivam coletivamente cerca de 140 milhões de hectares de terra arável, o que representa uma enorme oportunidade para intervenções que restauram a vitalidade do solo.

Como seria uma solução biológica revolucionária?

Para que os produtos de nutrição biológica de culturas revolucionem a agricultura indiana, eles devem atender a critérios rigorosos, incluindo:

• Compatibilidade com fertilizantes químicos existentes

• Eficácia em vários tipos de culturas e diversas condições de solo, especialmente em solos com baixo teor de CO

• Respostas visíveis do crescimento da planta logo após a aplicação

• Longa vida útil, idealmente dois anos

• Capacidade de suportar altas temperaturas ambientes acima de 35°C sem necessidade de armazenamento especial

Aproveitando prebióticos e probióticos na agricultura

Prebióticos e vitaminas são essencialmente alimentos para as bactérias do solo. Vitaminas, minerais e estimulantes promovem um ambiente propício ao rápido crescimento microbiano. Dadas as condições adversas e frequentemente tóxicas do solo da Índia, esses compostos orgânicos complexos aumentam o vigor microbiano, estimulando a atividade biológica crucial para a regeneração do solo.

Muitos produtos biológicos incorporam suplementos como extratos de algas marinhas, humatos e aminoácidos para estimular ainda mais o crescimento microbiano. Notavelmente, as empresas biológicas indianas frequentemente utilizam algas marinhas do gênero Sargassum, conhecidas por seu teor extraordinariamente alto de potássio. A abundante disponibilidade local de Sargassum ao longo da costa sul da Índia criou uma cadeia de suprimentos confiável para atender à demanda nacional e internacional por esses componentes bioestimulantes.

Os probióticos são os principais ingredientes ativos dos biofertilizantes. Trata-se de consórcios microbianos benéficos — grupos de micróbios trabalhando em sinergia. Considerando as vastas variações agroclimáticas da Índia, depender de uma única cepa microbiana seria ineficaz. Em vez disso, adota-se uma abordagem baseada em consórcios para fornecer múltiplos nutrientes de forma eficiente em diferentes tipos de solo.

Entre esses micróbios, as espécies de Bacillus são predominantes. Sua resiliência decorre da capacidade única de formar esporos, o que prolonga significativamente a vida útil do produto, e sua compatibilidade com ambientes de alta temperatura os torna ideais para a produção de formulações em pó estáveis e solúveis. Sendo organismos aeróbicos e naturalmente presentes no solo, os Bacilli colonizam campos com eficiência, com o auxílio de prebióticos, e apresentam bom desempenho em conjunto com insumos químicos comuns, como ureia e DAP.

Micorrizas: as verdadeiras agentes de mudança

Os insumos biológicos mais transformadores comercializados nos últimos tempos são as micorrizas — fungos simbióticos intimamente associados às raízes das plantas. Derivados principalmente de espécies de Glomus ou Rhizophagus, esses fungos micorrízicos arbusculares estendem suas hifas filamentosas até dez vezes além da zona radicular, expandindo enormemente a capacidade de absorção de nutrientes da planta.

A produção de micorrizas é altamente especializada, exigindo quase quatro meses para ser cultivada em condições controladas, o que explica seu preço premium. Sua presença leva a aumentos significativos na biomassa radicular e na eficiência do uso de nutrientes do solo (ENU). Um indicador visível de sua eficácia é o desenvolvimento de raízes brancas durante os estágios iniciais das folhas, indicando crescimento vigoroso das raízes e melhor absorção de nutrientes.

Inovações em Formulações para Uso Prático

Soluções biológicas estão disponíveis em diversas formulações. Pós solúveis são preferidos pela facilidade de aplicação em sistemas de irrigação por gotejamento, essenciais para a agricultura de precisão moderna.

Alternativamente, biofertilizantes podem ser transportados em grânulos de bentonita para aplicação a lanço. Embora existam formulações líquidas, elas são menos comuns na Índia devido aos desafios relacionados ao armazenamento e transporte em condições climáticas variáveis.

Rumo a um futuro sustentável para o solo indiano

O declínio devastador do carbono orgânico do solo, aliado à fertilização química excessiva, cria uma necessidade urgente de alternativas que combinem benefícios agronômicos imediatos com a sustentabilidade ambiental a longo prazo. Biofertilizantes, apoiados por formulações prebióticas direcionadas e consórcios microbianos, estão prontos para preencher essa lacuna.

Testes de campo conduzidos por grandes empresas agroquímicas demonstraram que os biofertilizantes podem reduzir significativamente a dependência de insumos sintéticos — às vezes em 20-30% — ao mesmo tempo em que mantêm ou até aumentam os rendimentos, principalmente em culturas comerciais de alto valor.

Para os 140 milhões de agricultores da Índia, os biofertilizantes representam mais do que apenas um produto. Eles simbolizam um caminho para a agricultura regenerativa, o fortalecimento econômico e um meio ambiente mais saudável.

Cultivando a resiliência por meio da biologia

A crise da saúde do solo na Índia representa um desafio complexo e multidimensional, mas também uma oportunidade sem precedentes. Os insumos químicos por si só não conseguem sustentar a vitalidade dos solos que sustentam uma população tão grande. A abordagem biológica — integrando micróbios, fungos e estimulantes naturais — é um pilar essencial para restaurar a ciclagem de nutrientes, melhorar a estrutura do solo e salvaguardar a produtividade.

Ao adotar a nutrição biológica das culturas juntamente com a fertilização equilibrada, a Índia pode traçar um futuro agrícola sustentável — um futuro em que o solo e o agricultor prosperam juntos, alimentando as gerações futuras com resiliência e administração. •

Vikram Narayan é o Diretor de Vendas da Agrilife Pte Ltd., sediada em Cingapura.