Adjuvantes dinamizam mercado de insumos agrícolas no Brasil
Alan Stern, gerente de tecnologia da Huntsman Performance Products no Texas, está bem familiarizado com o crescente apetite do Brasil por formulações cada vez mais técnicas e sofisticadas. Os Estados Unidos continuam sendo o celeiro do mundo, mas este é o país que um dia pode arrebatar esse manto.
Stern visitou o Brasil cerca de duas vezes por ano nos últimos sete anos para se encontrar com produtores de agroquímicos, tanto multinacionais quanto empresas locais. “Depois de fazer isso por tanto tempo, é possível conhecer bem os clientes. Ocasionalmente, convidamos pesquisadores do Brasil para nos visitar em nosso laboratório perto de Houston para compartilhar tecnologia de formulação”, disse ele.
“Os formuladores agrícolas no Brasil e na América do Sul em geral estão ansiosos para atualizar e diferenciar suas ofertas”, e várias empresas na América Latina o contataram recentemente sobre a tecnologia de microencapsulação interfacial – uma formulação que oferece menor toxicidade dérmica ao aplicador e controle estendido de pragas do produto químico que está sendo aplicado. Ele os ajuda a desenvolver a tecnologia usando os monômeros, dispersantes e conhecimento necessários.
Discussões sobre tecnologias verdes como essas dominaram o 10º Simpósio Internacional sobre Adjuvantes para Agroquímicos (ISAA 2013), realizado apropriadamente no lar do maior mercado mundial de proteção de cultivos, avaliado em $9,7 bilhões em 2012, de acordo com a Agranova/Cropnosis.
“O mercado de agroquímicos é importante no Brasil, mas não se limita a isso. É um mercado maior para adjuvantes também. Há um desafio mais novo aqui – é mais difícil matar ervas daninhas – e há uma necessidade de melhor gerenciamento que possa aumentar a eficiência”, disse Flavio Matarazzo, palestrante principal do ISAA, agrônomo veterano e gerente de marketing da De Sangosse Agroquímica Ltda.
O aumento da resistência a pragas, pragas secundárias como pulgões do milho e doenças como ferrugem asiática e mofo branco estão se tornando um problema maior nas terras agrícolas do país, onde o solo é levado ao limite com duas a três colheitas anuais. “Precisamos de um dossel melhor, e os adjuvantes são muito importantes para gerenciar isso”, disse Matarazzo em uma entrevista à FCI.
Cientistas apresentaram dezenas de artigos sobre novas tecnologias de intensificadores de formulação ao longo do evento. O que chamou a atenção de Matarazzo? Surfactantes que melhoram o conteúdo de água no solo, ele disse.
No que diz respeito a oportunidades adjuvantes para potenciais investidores no Brasil, algumas se destacaram mais do que outras. Elas são as seguintes:
■ Substitutos do etoxilato de nonilfenol, que já é proibido em um estado brasileiro.
■ Adjuvantes com baixa irritação ocular que podem eventualmente levar à eliminação de etoxilatos de aminas graxas.
■ Adjuvantes verdes, como óleos de sementes metilados (também conhecidos como biodiesel) e suas formulações, e siloxanos organomodificados continuam a ter um nicho importante devido às suas propriedades únicas de umectação, penetração e/ou espalhamento.
■ A resistência a pesticidas, sejam ervas daninhas resistentes ao glifosato ou insetos resistentes a inseticidas, como os besouros, continuará a criar oportunidades para produtos inovadores com diferentes modos de ação.
A Dow Chemical (não a AgroSciences, para deixar claro) lançou o que chama de unidade Crop Defense Solutions no evento para capitalizar a maior demanda por adjuvantes na agricultura em todo o mundo. Clint Schmidt, gerente de marketing estratégico da Dow, disse que os clientes da agchem na América Latina estão buscando novos produtos que se encaixem nos requisitos regulatórios e nas tendências de mercado mais importantes – ou seja, produtos que sejam biodegradáveis, tenham baixa toxicidade e sejam mais amigáveis ao meio ambiente. A Dow está apostando no Ecosurf EH, seu surfactante especial de alto desempenho, biodegradável e "ponte".
“Temos visto um forte interesse em muitas de nossas formulações adjuvantes, especificamente para misturas em lata e tanque no mercado de soluções de defesa de cultivos”, disse Schmidt em uma entrevista. “Um dos pontos-chave para o Brasil são os melhoradores de desempenho. A tecnologia está mudando fundamentalmente. Os últimos 10 a 15 anos trouxeram novas doenças e a necessidade de controle de deriva, e essas coisas criaram uma nova complexidade. Vejo isso como um desafio... Esperamos ter um grande crescimento na região”, disse ele.
Progresso inebriante à parte, o Brasil provavelmente manterá sua reputação como um dos mercados mais difíceis de se entrar no mundo. Sob seu sistema regulatório notoriamente complexo, uma empresa deve enviar seu dossiê a três autoridades separadas (MAPA, ANVISA e IBAMA), cada uma com requisitos diferentes. Adjuvantes e pesticidas são tratados da mesma forma, embora os biopesticidas normalmente recebam a designação fast-track com um prazo de 1,5 ano para aprovação. Os prazos de aprovação para produtos genéricos, por outro lado, atualmente são mais longos do que cinco anos.
Fabio Domingues, diretor do Grupo Vigna Brasil e palestrante do ISAA 2013, disse que os adjuvantes são comumente mal compreendidos pelas autoridades brasileiras; conflitos de interpretação são de rigeur.
“Existem algumas empresas, juntamente com a AENDA (Associação Brasileira de Genéricos), que estão fazendo algum esforço para que as autoridades alinhem seus conhecimentos sobre adjuvantes, mas principalmente, para encontrar um novo sistema de registro viável e metodologias de controle de qualidade”, disse Domingues à FCI.