Relatório: Agricultores enfrentam outra temporada de margens apertadas com aumento dos custos operacionais e queda dos preços das commodities
De acordo com um relatório recente da RaboResearch, o aumento dos custos operacionais e a queda nos preços das commodities agrícolas estão mais uma vez reduzindo as margens das plantações, com pressões financeiras que provavelmente persistirão nas principais regiões de cultivo até meados de 2027.
Margens globais das colheitas permanecerão sob pressão
Análises recentes da RaboResearch apontam para mais um ano desafiador para os agricultores de culturas de campo nas principais regiões agrícolas. Os produtores continuam enfrentando a queda dos preços das commodities e pressões persistentes nos custos dos insumos. O cenário em 2025 é ainda mais complexo do que no ano passado, com tensões geopolíticas e novas tarifas aumentando a incerteza. Embora se espere algum alívio nos custos com proteção de cultivos, as despesas operacionais gerais estão em tendência de alta, representando desafios substanciais para os produtores de soja, milho e outras culturas.
Apesar das margens mais apertadas, as tendências de produção sugerem que os agricultores continuam comprometidos em investir em suas lavouras para sustentar ou expandir a produção. As projeções indicam outra safra recorde de milho e soja, com as principais regiões produtoras impulsionando o crescimento. "Esses níveis recordes de produção estão exercendo pressão descendente sobre os preços das commodities, apesar da queda nos estoques", explica Bruno Fonseca, Analista Sênior de Insumos Agrícolas da RaboResearch.
Maiores custos operacionais estão levando a uma safra de 2026 mais cara
Os custos operacionais das fazendas de soja e milho apresentam tendência de alta para a safra de 2026, impulsionados principalmente pelo aumento das despesas com fertilizantes. Devido ao equilíbrio mais restrito entre oferta e demanda, os preços dos fertilizantes continuam subindo, levando os agricultores a buscar alternativas. No entanto, o aumento da demanda por substitutos também está elevando seus preços. Os altos preços dos fertilizantes estão impactando negativamente a acessibilidade no Brasil, nos EUA, na Austrália e nos principais países produtores da Europa. De fato, o índice de acessibilidade do fosfato atingiu seu menor nível desde 2010 e atualmente está em -0,68, de acordo com estimativas da RaboResearch. "Se a acessibilidade não melhorar, esperamos uma redução significativa na demanda para o próximo ciclo de plantio", observa Fonseca.
Embora os preços dos principais ingredientes ativos provenientes da China estejam mostrando sinais de queda em relação ao ano anterior, os custos por hectare, especialmente para categorias específicas de produtos, estão aumentando no Brasil e nos EUA devido à redução da oferta. "No geral, projeta-se que a safra de 2026 será mais cara em todas as regiões analisadas, apresentando obstáculos consideráveis decorrentes da escalada dos custos dos insumos."

O mundo está inundado de produtos agrícolas
Produtores de milho, trigo e oleaginosas estão produzindo uma produção robusta em 2025. Os três maiores produtores de milho do mundo – Brasil, China e EUA – devem produzir safras recordes, enquanto as safras globais de oleaginosas e trigo devem bater recordes pelo sexto ano consecutivo. No geral, o mundo está prevendo produção e oferta recordes, criando o mercado de baixa em que as commodities se encontram atualmente.
Isso ocorre em um momento em que fundamentos otimistas também estão em vigor, especialmente para milho e trigo. Os estoques globais de milho estão em tendência de baixa desde que atingiram seu pico em 2016/17. Da mesma forma, os estoques globais de trigo têm apresentado tendência de queda desde 2019/20. Além disso, as relações estoques de milho e trigo/consumo estão em seus níveis mais baixos desde 2012/13 e 2014/15, respectivamente. Além disso, o consumo interno de milho, trigo e soja está em níveis recordes. No longo prazo, uma forte base de demanda está em vigor para sustentar os preços. "No entanto, a produção recorde em grandes áreas de produção, como Brasil e EUA, está sobrecarregando o mercado com oferta, o que manterá os preços deprimidos no curto a médio prazo. E com preços de insumos teimosos e quase históricos, a lucratividade no setor de grãos e oleaginosas continuará desafiadora", alerta Fonseca.