Dr. Darryl Ramoutar

Agronegócio Global conversou com o Dr. Darryl Ramoutar, Diretor Técnico Global de Agricultura para gChem sobre como navegar pelos complexos desafios de formulação e pelas crescentes demandas por sustentabilidade. Ramoutar passou mais de duas décadas liderando o desenvolvimento de formulações de pesticidas. Ele nos dá suas três principais dicas para desenvolver produtos de proteção de cultivos de alto desempenho e prontos para formulação, que atendam às atuais expectativas regulatórias e ambientais.

1. Formulado com componentes aprovados em mercados internacionais.

Em todo o mundo, países aplicam regulamentações diversas e frequentemente complexas, moldadas pelo clima local, perfis de cultivo e pressões de pragas. Como resultado, componentes químicos, sejam ingredientes ativos ou coformulantes como solventes e surfactantes, podem ser aprovados em uma região, mas restritos ou proibidos em outra. Essa fragmentação regulatória força os fabricantes a adaptarem suas formulações a cada mercado, muitas vezes exigindo ajustes significativos.

A falta de padrões harmonizados cria barreiras à conformidade, além de prolongar os prazos de desenvolvimento e inflacionar os custos. Sem diretrizes claras e unificadas, os fabricantes enfrentam ambiguidade regulatória, esforços duplicados entre regiões e riscos aumentados durante o registro e a comercialização do produto.

Reformular produtos para atender aos requisitos regionais pode frequentemente envolver o desenvolvimento de rótulos e embalagens alternativos, a realização de novos estudos toxicológicos e de eficácia e a garantia de estabilidade a longo prazo em condições divergentes de transporte e armazenamento, o que demanda recursos substanciais e planejamento estratégico.

Os fabricantes podem atuar para harmonizar a seleção de ingredientes de suas formulações, priorizando ativos já aprovados nas regiões-alvo para evitar tarefas regulatórias repetitivas. Algumas dicas para aumentar a conformidade em todos os mercados incluem a verificação cruzada de listas globais de inclusão (por exemplo, o Anexo I da UE ou a Lista de Ingredientes Ativos Registrados e inertes isentos de tolerância da EPA dos EUA), o uso de coformulantes em listas afirmativas e a prevenção de solventes, surfactantes ou corantes com restrições regionais.

2. Formulado com componentes que sejam seguros para ativos microbianos e para o microbioma do solo.

A bioproteção é uma potência emergente no setor de proteção de cultivos, superando os pesticidas sintéticos tradicionais com impressionantes taxas de crescimento anual compostas de 10–20%, em comparação com os baixos valores de um dígito observados nos produtos tradicionais. Esse crescimento é impulsionado por um cenário regulatório favorável, pela evolução da resistência de pragas aos modos de ação convencionais e por um crescente compromisso global com práticas agrícolas sustentáveis.

Embora os produtos de bioproteção — como biopesticidas, microbianos e bioestimulantes — estejam superando os defensivos químicos convencionais em termos de registros, eles permanecem confinados principalmente aos mercados de frutas e hortaliças, e seu crescimento será definido pela expansão de lavouras em grandes áreas. Produtos microbianos resultantes da fermentação escalável oferecem a promessa de micróbios e metabólitos ativos como fontes de inseticidas e fungicidas. Além disso, solos saudáveis estão repletos de diversos microrganismos essenciais para a agricultura sustentável. Esse microbioma é sustentado por prebióticos e probióticos específicos que melhoram a assimilação de nutrientes e as relações simbióticas com as raízes.

Os componentes da formulação a serem considerados e que sejam congruentes com pesticidas microbianos e a saúde do microbioma incluem transportadores biocompatíveis (por exemplo, minerais de argila, biochar e turfa, soluções aquosas de baixa força iônica e emulsões de óleo vegetal em água), protetores contra estresse (por exemplo, estabilizadores de pH, protetores UV e tampões de temperatura) e adjuvantes (por exemplo, surfactantes não iônicos/suaves, óleos naturais). Os tipos de formulação apropriados incluem grânulos, pós molháveis, concentrados de suspensão aquosa, dispersões de óleo e concentrados microemulsionáveis.

3. Formular com ingredientes inertes que maximizem a estabilidade da formulação.

De acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), as formulações são definidas como uma combinação de ingredientes ativos (IA) e inertes; e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sugere que os inertes podem ser chamados de adjuvantes ou formulantes. Essas definições carecem de alguma nuance. As formulações devem ser consideradas como contendo IAs que têm atividade biológica; inertes que têm pouca ou nenhuma atividade biológica, mas são imensamente importantes para garantir a dinâmica da formulação (por exemplo, solventes, estabilizantes); e adjuvantes que são aditivos que aumentam a eficácia e/ou aplicação de IAs e, em alguns casos, têm sua própria atividade biológica (surfactantes para espalhar ou aderir a pragas e plantas, sinergistas para amplificar a eficácia do IA). Os adjuvantes podem ser classificados como ingredientes inertes quando incorporados à formulação e vendidos separadamente como parceiros de mistura em tanque.

Um grupo crucial de inertes a considerar são os solventes. Os solventes contribuem para a carga e distribuição uniforme do AI devido à sua capacidade de dissolução. Eles desempenham um papel fundamental em formulações agrícolas, ajudando a prevenir o entupimento do pulverizador, mantendo o tamanho das gotas consistente e aumentando a estabilidade geral da formulação e a vida útil. Eles também protegem os AI da degradação e melhoram a compatibilidade da calda em tanque — especialmente quando usados em conjunto com adjuvantes para calda em tanque.

Nem todos os solventes são criados iguais — alguns apresentam riscos à saúde ou ao meio ambiente, tornando essencial selecionar aqueles que são mais seguros ou isentos de requisitos de tolerância. Em formulações biológicas, os solventes devem ser suaves o suficiente para preservar a viabilidade microbiana e, ao mesmo tempo, garantir a administração da IA. Embora muitas vezes invisíveis para o usuário final, os solventes desempenham um papel central nas formulações de pesticidas, influenciando tudo, desde a estabilidade até o desempenho da aplicação e a compatibilidade.