Brasil: 2007 e além

Em 2007, as taxas de crescimento do agronegócio brasileiro superaram o crescimento do produto interno bruto (PIB) brasileiro de 7,89%, totalizando US$ $359 bilhões. Na cadeia de suprimentos, o crescimento foi ainda maior, de 12,99%. Para 2008, a previsão é de outra escalada de 5,8%, também superando a previsão de crescimento do PIB. Esses números contrastam fortemente com 2005 e 2006, quando o agronegócio relatou números decepcionantes: -4,66% e 0,45%, respectivamente.

O desempenho positivo atual é resultado de uma série de fatores, como a safra recorde de grãos de 131,5 milhões de toneladas e a forte alta nos preços das commodities agrícolas (feijão seco em 102%, soja em 97% e milho em 35%), mesmo considerando a forte desvalorização do dólar em relação à moeda local em 16,9% em 2007.

Um pedaço do todo

No cenário global, uma demanda apertada por alimentos, uma queda nos estoques globais de grãos e o aumento da produção de biocombustíveis no lugar de alimentos podem manter essa tendência para o agronegócio, especialmente no Brasil, um dos principais players do setor. No entanto, o quadro geral pode ser alterado devido às consequências do mercado de hipotecas subprime americano, que até então não era devidamente conhecido ou avaliado.

No mercado de pesticidas, esses fatores levaram a um excelente desempenho de vendas de aproximadamente US$ $5,31 bilhões (nível de distribuidor), representando um crescimento de 28% em comparação a 2006. Considerando que 2006 foi um ano atípico — como resultado da soma de uma série de variáveis negativas — o crescimento do mercado de 2005 a 2007 foi de impressionantes 20%, representando um crescimento médio anual de 8% desde 2000. As perspectivas para este ano também são brilhantes, com vendas acima de US$ $6 bilhões.

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Composição de mercado

Os 15 principais participantes do setor registraram vendas de US $5,3 bilhões, representando mais de 95% do mercado total, a maioria delas empresas globais. Nos últimos três anos, a classificação da indústria viu poucas mudanças; destacando o nº 1, Syngenta, com suas vendas de perto de US $1 bilhão, viu uma subida de 29.23% em comparação a 2006.

Os quatro principais jogadores — Syngenta, Bayer, BASF, e Monsanto — estão muito à frente de todos os outros em receitas, em portfólio de produtos (com exceção da Monsanto) e em ameaças de patentes fora do mercado para produtos importantes (novamente com exceção da Monsanto), para citar alguns.

Juntos, os quatro principais players têm receitas totais de US $2,75 bilhões, o que representa uma fatia de mercado de 50% do mercado como um todo. Entre os 15 principais, há apenas uma corporação doméstica, a Nortox, que tem mantido a mesma posição nos últimos três anos.

Isso leva à conclusão de que a competição é acirrada. As linhas de crédito e os prazos de pagamento são muito longos (em alguns casos podem chegar a 520 dias), e o mercado demanda amplos portfólios de produtos, vendas diretas para grandes usuários finais e assistência técnica.

Os principais vendedores de produtos “me-too” — Milenia/Makhteshim-Agan, Nufarm, Nortox, e Cheminova — totalizaram US$ $929 milhões em vendas, representando 17,4% do mercado. Ao contrário da sabedoria convencional, em vista da participação de mercado desses quatro players, parece que ter preços de mercado abaixo da média não é suficiente para garantir o sucesso neste mercado, como é o caso em muitos outros países.

Produtos-chave

Além dos fatores econômicos/conjunturais mencionados, uma questão fundamental foi o desenvolvimento tecnológico para o manejo da ferrugem asiática da soja, causada por Phakopsora pachyrhizi, o que levou a perdas de aproximadamente US$ $10 bilhões nos últimos seis anos.

O manejo inclui o monitoramento intensivo de surtos de ferrugem asiática da soja e a proibição de plantio por 90 dias no período de entressafra (que geralmente é privilegiado para fins de plantio), além da eliminação de qualquer planta que possa ter crescido espontaneamente durante o período.

Além disso, com o lançamento de novos produtos “me-too”, o custo das aplicações de fungicidas foi reduzido em aproximadamente 10%. Como resultado, as vendas de fungicidas de famílias químicas como triazol e estrobilurina caíram.

No entanto, devido ao alto preço da soja, ninguém correria o risco de não tratar as fazendas com fungicidas para prevenir a doença. Considerando que a soja compõe de longe o principal mercado de pesticidas no Brasil, com cerca de 50%, seguida pela cana-de-açúcar, algodão e milho, quaisquer mudanças nessas culturas resultam em um impacto significativo no mercado como um todo.

Portanto, com o sucesso do esforço em termos de controle da ferrugem asiática da soja, os fungicidas perderam mercado para os inseticidas entre os produtos mais vendidos no Brasil.

A maior fatia de mercado está com os herbicidas, e não são esperadas mudanças nisso, devido ao crescimento do plantio com organismos geneticamente modificados (OGMs) e à alta dos preços do glifosato, o produto mais vendido no país. A venda de outros tipos de produtos, como os acaricidas, continua estável, pois são usados principalmente em cítricos e algodão, com áreas plantadas estáveis.

Movimentos políticos

Desde a promulgação da legislação brasileira sobre o registro de produtos “me-too” com base na equivalência de produtos, em vigor desde dezembro de 2006, muitos novos participantes estão tentando entrar no mercado, especialmente pequenas corporações nacionais e empresas estrangeiras da Índia e da China.

Dos registros recém-aprovados, houve uma série de replicações para capturar um grande número de distribuidores, de modo que os produtos estejam disponíveis para o maior número possível de distribuidores com diferentes nomes de marca e sob o mesmo pacote de dados de registro, o que é significativamente mais barato do que um novo registro. A ferramenta conhecida como clonagem está se tornando bastante difundida. Em alguns casos, o mesmo registro foi clonado cinco vezes.

Atualmente, o Brasil é de longe o país mais rentável no mercado de pesticidas. Com tecnologia de ponta para a produção de álcool de cana-de-açúcar e o uso do álcool como combustível; a vastidão de suas fronteiras agrícolas (as maiores do mundo); e sua competência e profissionalismo na produção de commodities agrícolas, o Brasil está dando um salto quântico para se tornar #1 nas vendas de pesticidas, superando os EUA em breve.

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